24 de maio de 2012

O mistério da exploração do "ouro" da bairrada

Pessoas de todo o país e até do estrangeiro vêm à nossa região em busca do famoso leitão à Bairrada, mas como será a curta vida destes pequenos porcos antes de chegarem douradinhos e estaladiços à mesa de milhares de restaurantes da especialidade?

O mistério será revelado:
Sabe-se que com cerca de 2 ou 3 semanas de idade já 15 % dos leitões morreram, sendo os sobreviventes afastados das mães e levados para currais de barras metálicas e chão de cimento. Nestas instalações chegam a estar mais de 1000 animais amontoados nas suas pequenas divisórias.

O ar nestas criações está carregado de pó e gases venenosos, resultado das fezes e urina acumulada. Mais de 60% dos trabalhadores das suiniculturas sofre de problemas respiratórios devido à inalação destes gases de amónia e sulfureto de hidrogénio. Para os porcos, os problemas respiratórios são ainda mais graves.

As porcas são tratadas como verdadeiras máquinas de produzir leitões: vivem num ciclo permanente de fertilização e nascimento, tendo mais de 20 leitões por ano. Após a fecundação, as porcas são mantidas em compartimentos com 20 cm de largura, que as impede de se virar ou mesmo deitar confortavelmente.

No final da gravidez de 4 meses são transferidas para outros compartimentos igualmente reduzidos para dar à luz. Sofrem frequentemente lesões porque não têm qualquer protecção no solo, considerada cara de mais para ser utilizada. Quando uma porca já não é considerada reprodutiva é abatida.

Após a engorda, os porcos são transportados para o matadouro, novamente em camiões abertos e carregados em excesso, causando sofrimento e morte a muitos animais.

Antes de serem pendurados pelas patas e sangrados até à morte, é suposto os porcos serem atordoados e postos inconscientes, de acordo com o abate "humano". No entanto, o atordoamento é muito impreciso, pelo que é frequente os animais estarem conscientes e a espernear quando pendurados e um trabalhador do matadouro está a tentar espetar-lhes a faca no pescoço. Se o trabalhador não o conseguir, o animal é levado para o tanque de escaldamento e mergulhado em água a ferver, vivo e consciente.

Chocante, certo? 
Os consumidores pouco podem fazer em relação a isto, está tudo nas mãos dos criadores e dos restaurantes.
Aos criadores propõe-se uma reflexão sobre os direitos dos animais, aos restaurantes uma melhor decisão na altura da escolha dos seus fornecedores. É verdade que os criadores não industrializados oferecem piores condições aos restaurantes mas cabe a este setor pressionar os seus fornecedores para que garantam qualidade, preço e dignidade dos animais. 
Utopia? Esperemos que não!

FONTES:

2 comentários:

  1. Uma chocante verdade, mas sabe tão bem quando vamos à Mealhada comer um bom leitão! Boa curiosidade.

    Mariana

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  2. Adorámos este artigo. O leitão já não vai saber ao mesmo...
    O video é fabuloso.
    continuem o bom trabalho, Patricia F. e Joana N.

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